sábado, maio 12, 2018

CARTAS PELA LIBERDADE 3 - Carta de Elisenda Palunzie a Jordi Sànchez

Elisenda Palunzie e Jordi Sànchez


Jordi:

O Vilaweb me oferece a possibilidade de te escrever com a certeza de que poderás ler esta carta logo, porque recebes, toda semana, o diário impresso  que publicam em PDF. Não queria deixar de aproveitar esta oportunidade. Permita que eu te agradeça pela mensagem digna e nobre que me fizeste chegar às mãos, assim que fui eleita presidente da ANC (Assembleia Nacional Catalã), e que também fizeste chegar ao novo secretariado da entidade, na qual agradeces o apoio material e moral que pudemos oferecer enquanto continuas na prisão, mas reitera que não nos esqueçamos de que o objetivo da Assembleia é trabalhar pela independência do nosso país. Quanta dignidade, e também quanta inteligência política há nessa mensagem! Minha intenção é que me orientes ao longo de todo o caminho que agora começo a palmilhar, e que orientes também todos os ativistas da Assembleia, junto dos quais prosseguimos na caminhada iniciada por nossa entidade, há seis anos, e que ainda não nos fez chegar ao nosso destino.
As circunstâncias, no entanto, ainda não me permitiram conversar com as pessoas que me antecederam no cargo; pois essas duas pessoas, que são a Carme e você, estão na prisão por terem permitido a este nosso povo exercer o direito à autodeterminação. Um direito universal, o primeiro de todos os direitos civis e políticos reconhecidos pelas Nações Unidas. Um direito por cujo exercício vocês dois trabalham há muitos e muitos anos. Tenho quase certeza de que não se recordará, porque na época eu era muito jovem e você já se tornara uma referência pública dessa luta, como porta-voz da Crida (“Grito”); numa determinada ocasião tínhamos conversado em algum encontro das entidades que participavam da campanha Freedom for Catalonia, durante os Jogos Olímpicos de 1992 (eu participava desde o tempo da FNEC, Federação Nacional dos Estudantes da Catalunha), ou em algum ato público organizado pela Crida. Vinte e quatro anos depois nos reencontrávamos; juntos, fizemos atos em defesa do referendo da autodeterminação, durante a consulta interna que a Assembleia organizou, em julho de 2016.
A causa pela qual tantos de nós trabalhávamos há tanto tempo estava prestes a se tornar realidade. Creio que realizamos muito bem aqueles atos; nos complementávamos e nos entendíamos bem. O fato é que, juntos, todos nós ajudamos a concretizar o referendo de 1º de outubro de 2017 – um ato de inteligência coletiva, de coragem, de auto-organização popular, de defesa do feito democrático... O mais importante que o nosso povo já fez até hoje, e que haverá de ser a base sobre a qual será construída uma República Catalã, justa e para todos.
Aqui na Assembleia, pode estar certo de que não nos esquecemos. Que trabalharemos sem descanso para denunciar a injustiça, a violação flagrante dos direitos fundamentais do ser humano, representada pela sua prisão preventiva e pelas acusações falsas que formulam contra todos vocês que continuam presos. Na defesa dessa causa, nos somaremos a todas as pessoas, venham de onde vierem, compartilhem ou não dos nossos objetivos políticos. Mas também pode estar certo de que colocaremos toda nossa energia e todas as nossas qualidades (lutando também para manter sob controle os nossos defeitos) a serviço do objetivo pelo qual nossa entidade foi fundada, que não é outro senão a independência do nosso povo. República é liberdade. Luz nos olhos e força nos braços! Viva a Catalunha!

Elisanda Palunzie

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