Elisenda Palunzie e Jordi Sànchez
Jordi:
O Vilaweb me
oferece a possibilidade de te escrever com a certeza de que poderás ler esta
carta logo, porque recebes, toda semana, o diário impresso que publicam em PDF. Não queria deixar de
aproveitar esta oportunidade. Permita que eu te agradeça pela mensagem digna e
nobre que me fizeste chegar às mãos, assim que fui eleita presidente da ANC
(Assembleia Nacional Catalã), e que também fizeste chegar ao novo secretariado
da entidade, na qual agradeces o apoio material e moral que pudemos oferecer
enquanto continuas na prisão, mas reitera que não nos esqueçamos de que o
objetivo da Assembleia é trabalhar pela independência do nosso país. Quanta
dignidade, e também quanta inteligência política há nessa mensagem! Minha
intenção é que me orientes ao longo de todo o caminho que agora começo a
palmilhar, e que orientes também todos os ativistas da Assembleia, junto dos
quais prosseguimos na caminhada iniciada por nossa entidade, há seis anos, e
que ainda não nos fez chegar ao nosso destino.
As
circunstâncias, no entanto, ainda não me permitiram conversar com as pessoas
que me antecederam no cargo; pois essas duas pessoas, que são a Carme e você,
estão na prisão por terem permitido a este nosso povo exercer o direito à
autodeterminação. Um direito universal, o primeiro de todos os direitos civis e
políticos reconhecidos pelas Nações Unidas. Um direito por cujo exercício vocês
dois trabalham há muitos e muitos anos. Tenho quase certeza de que não se
recordará, porque na época eu era muito jovem e você já se tornara uma
referência pública dessa luta, como porta-voz da Crida (“Grito”); numa
determinada ocasião tínhamos conversado em algum encontro das entidades que
participavam da campanha Freedom for
Catalonia, durante os Jogos Olímpicos de 1992 (eu participava desde o tempo
da FNEC, Federação Nacional dos Estudantes da Catalunha), ou em algum ato
público organizado pela Crida. Vinte e quatro anos depois nos reencontrávamos;
juntos, fizemos atos em defesa do referendo da autodeterminação, durante a
consulta interna que a Assembleia organizou, em julho de 2016.
A causa pela
qual tantos de nós trabalhávamos há tanto tempo estava prestes a se tornar realidade.
Creio que realizamos muito bem aqueles atos; nos complementávamos e nos
entendíamos bem. O fato é que, juntos, todos nós ajudamos a concretizar o
referendo de 1º de outubro de 2017 – um ato de inteligência coletiva, de
coragem, de auto-organização popular, de defesa do feito democrático... O mais
importante que o nosso povo já fez até hoje, e que haverá de ser a base sobre a
qual será construída uma República Catalã, justa e para todos.
Aqui na
Assembleia, pode estar certo de que não nos esquecemos. Que trabalharemos sem
descanso para denunciar a injustiça, a violação flagrante dos direitos
fundamentais do ser humano, representada pela sua prisão preventiva e pelas
acusações falsas que formulam contra todos vocês que continuam presos. Na
defesa dessa causa, nos somaremos a todas as pessoas, venham de onde vierem,
compartilhem ou não dos nossos objetivos políticos. Mas também pode estar certo
de que colocaremos toda nossa energia e todas as nossas qualidades (lutando
também para manter sob controle os nossos defeitos) a serviço do objetivo pelo
qual nossa entidade foi fundada, que não é outro senão a independência do nosso
povo. República é liberdade. Luz nos olhos e força nos braços! Viva a
Catalunha!
Elisanda
Palunzie
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