Tradução autorizada pelo diário digital Vilaweb
O
Tribunal Superior de Slesvig-Holstein descartou ontem, pela segunda vez, a
acusação de rebelião que a justiça espanhola formalizou contra o presidente
Carles Puigdemont. Foi contundente, depois de ter revisado o conteúdo que Llarena
afirmava trazer “novas evidências”. A resposta do tribunal, de fato, lembra o
slogan de alguém que um dia foi um político, e que se dizia de esquerda: “não é
não”.
A bofetada
é monumental, duríssima. Não se pode soltar foguetes, mas fica cada vez mais
evidente que Llarena está perdendo esta cruzada contra o governo catalão no
exílio. Até porque as tais novas evidências não chegaram a fazer nem cócegas no
tribunal – e a Espanha, para tentar salvar a pele, precisa se agarrar, como ferro
em brasa, ao fato de o tribunal ter aceitado a validade da euro-ordem, ao
contrário do que fez o tribunal belga.
Se eles se conformam com tão pouco, por mim, vamos em frente. O tribunal
alemão procedeu como normalmente faz – nesse caso, foi o tribunal belga que
tomou uma decisão extraordinária, nada comum. Mas cada um comemora o que quer,
ainda que seja absurdo. Porque, francamente, comemorar o fato de terem aceitado
uma euro-ordem quando respondem, ao mesmo tempo, que não aceitam a acusação que
que consta nessa euro-ordem, convenhamos, é algo muito difícil de se
compreender.
Permitam-me insistir na necessidade de
não acreditar, de maneira acrítica, em tanta propaganda motivada por
interesses, sem absolutamente nenhuma base factual, em tanto exagero em torno de uma manchete chamativa
Os
acontecimentos de ontem têm ainda um matiz mais interessante, que deveria nos
ajudar a entender em que ponto estamos. A notícia chegou em duas fases: na
primeira, ficamos sabendo que o ministério público alemão aceitara a tese de
Llarena. Logo em seguida, os meios de comunicação unionistas começaram a cantar
vitória, com manchetes que praticamente apresentavam Puigdemont a caminho de Madri,
detido e algemado. E isso apesar de a nota oficial do tribunal ostentar, em letras
enormes, o título “Puigdemont remains free” (Puigdemont continua em liberdade).
Em
contraste, quando ficaram sabendo que o tribunal havia negado pela segunda vez
que tenha havido “rebelião”, as manchetes diminuíram repentinamente de tamanho.
Alguns veículos enterraram a notícia tão lá embaixo que mal se enxergava;
outros, como “El País” ou “El Mundo”, deram mais ênfase ao fato da decisão ser “provisória”
do que à própria decisão em si. Como se, dessa forma, o nocaute não fosse tão
nocauteante assim.
Há
dias que venho avisando que o unionismo está triste e abatido – e isto faz com
que seus articuladores intensifiquem os fogos de artifício de uma maneira muito
irresponsável e até perigosa para eles mesmos. Isso explica por que, ontem,
vários deles exibiram, por algum tempo, a imagem de um Puigdemont quase
extraditado, e com isso se arriscaram ao ridículo que se seguiria. Domingo
também disseram que o 155 continuaria...
Esperemos mais algumas
horas antes de tratar do tema de domingo; enquanto isso, porém, permitam-me
insistir na importância de não acreditar, de maneira acrítica, em tanta
propaganda motivada por interesses, sem absolutamente nenhuma base factual, em
tanto exagero em torno de uma manchete chamativa. Desde a derrota de 21 de
dezembro, os monarquistas não têm nem rota, nem plano de fuga – e por isso continuam
errantes, à base de manchetes, na tentativa de manter viva a esperança de seus
seguidores, incapazes de adaptar-se à realidade. Hoje vemos, da mesma forma que
vimos ontem, que tudo isso é realmente triste, sobretudo do ponto de vista da
informação, mas que com certeza é uma atitude que explica muitas coisas.
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