segunda-feira, maio 30, 2005

Sábado, 28/5 - O "susto sexual" na América

A convite da Fatita Bustamante-Celes, a grande militante do cinema na nossa região, fui assistir no sábado ao filme "Kinsey" (que, no Brasil, tem o sugestivo subtítulo "Vamos falar sobre sexo"). A interessante e curiosa história do autor do Relatório Kinsey, o primeiro estudo sério sobre a sexualidade nos Estados Unidos, é contada com muita propriedade neste filme em que o ótimo Liam Neeson vive o protagonista. Não tenho meios de avaliar sua precisão histórica, sobretudo quanto à personalidade do biografado e seus métodos heterodoxos de pesquisa, mas a proposta é instigante: na época em que tudo era proibido e imperavam não só o medo de abordar o assunto "sexo" mas também os mitos e as doenças venéreas, a intervenção "fisiológica" e o interesse quase profilático do Dr. Kinsey sem dúvida abriram muitas portas para a circulação do conhecimento sobre o assunto.
Mas, como nem só de sexo vive o sexo, a produção do relatório serve como pano de fundo para conflitos diversos entre sentimento, moralidade, relações familiares e afetivas na sociedade daquela época.
"Kinsey" é um belo filme pela consistência, fotografia, ritmo e desempenho dos atores. Além disso, permanece pela reflexão que suscita: o ser humano não mudou muito, ao que parece, daquela época para cá. As revelações que remexeram tremendamente o baú da hipocrisia americana teriam talvez, hoje, repercussão igual ou pior. Afinal, é a velha, boa e nova história; todo mundo já sabe, mas ninguém quer falar do assunto. E os criacionistas estão chegando...

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