Zélia Gattai - Foto: Yahoo
Sei de alguém que hoje deve estar feliz.
Lá no Céu dos Escritores Eternos, Jorge Amado abre os braços para sua queria Zélia, que nos deixa decerto com aquele sorriso confortador e macio de poesia, com que fazia a vida parecer muito fácil, muito normal.
A lei natural das coisas e o coração da gente nunca se entendem lá muito bem; intelectualmente, conseguimos ver a lógica de uma vida longa e bem vivida, rica, fértil, terminar após 91 anos, quase 92. Com o coração, porém, sentimos saudades dela, íntima à sua maneira da nossa alma ávida de alguma solidez.
Zélia Gattai era a beleza em estado bem sólido, que não só tinha uma enorme graça como um jeito de ser prazeroso, que quase imediatamente nos convidava à cozinha, a uns bolos de fubá ao som da Bahia. Convidava-nos, sobretudo, a uma presença marcante de Jorge, o seu Jorge com quem tinha um pacto lindíssimo - e com quem viveu um mundo que, para muitos de nós, tinha o doce sabor de uma utopia possível.
Não que tudo fossem flores; eles é que eram capazes de florir as adversidades com sua fé profunda, sua verdade, seu talento e as histórias que deram cor e forma à nossa memória, enquanto nação.
Em maio de 2006 estive na Casa de Jorge Amado, em Salvador, espaço mais que vivo que Zélia presidia com o ardor próprio da sua personalidade. Podia senti-la em cada detalhe, nos óculos de Jorge, nas capas dos livros, no café e na água mineral que pedi. Na capa amarelecida de Seara Vermelha, que me fez lembrar o dia em que meu pai me falou desse livro, e de Jorge.
Quando Zélia enchia a tela da tv com o seu sorriso, parecia que tudo estava bem. Sua vitalidade ultrapassava as marcas por vezes duras da vida. Tinha alguma coisa de fresco, de natural, que fazia a gente gostar dela mesmo sem a ter de fato conhecido.
É chato começar este domingo em meio à saudade material de Zélia. No Rio de Janeiro, o sol brilha demais para essa tristeza. Mais isso deve ser uma forma de homenagem. Salvador terá talvez emudecido; os personagens diários da velha capital, com quem ela conviveu desde que começaram a brotar dos livros do marido, devem andar pensativos, sombrios, pelas ladeiras. Os anarquistas estarão de luto, apesar do sol.
Mas no Céu dos Escritores Eternos, há uma animada mesa de amigos que comemora a chegada da grande mulher Zélia Gattai, escritora e brasileira como poucas.
Vamos tentar, em nossa pequena medida, brindar com eles!
Adeus, querida Zélia, e bem-vinda ao coração da lembrança.
Lá no Céu dos Escritores Eternos, Jorge Amado abre os braços para sua queria Zélia, que nos deixa decerto com aquele sorriso confortador e macio de poesia, com que fazia a vida parecer muito fácil, muito normal.
A lei natural das coisas e o coração da gente nunca se entendem lá muito bem; intelectualmente, conseguimos ver a lógica de uma vida longa e bem vivida, rica, fértil, terminar após 91 anos, quase 92. Com o coração, porém, sentimos saudades dela, íntima à sua maneira da nossa alma ávida de alguma solidez.
Zélia Gattai era a beleza em estado bem sólido, que não só tinha uma enorme graça como um jeito de ser prazeroso, que quase imediatamente nos convidava à cozinha, a uns bolos de fubá ao som da Bahia. Convidava-nos, sobretudo, a uma presença marcante de Jorge, o seu Jorge com quem tinha um pacto lindíssimo - e com quem viveu um mundo que, para muitos de nós, tinha o doce sabor de uma utopia possível.
Não que tudo fossem flores; eles é que eram capazes de florir as adversidades com sua fé profunda, sua verdade, seu talento e as histórias que deram cor e forma à nossa memória, enquanto nação.
Em maio de 2006 estive na Casa de Jorge Amado, em Salvador, espaço mais que vivo que Zélia presidia com o ardor próprio da sua personalidade. Podia senti-la em cada detalhe, nos óculos de Jorge, nas capas dos livros, no café e na água mineral que pedi. Na capa amarelecida de Seara Vermelha, que me fez lembrar o dia em que meu pai me falou desse livro, e de Jorge.
Quando Zélia enchia a tela da tv com o seu sorriso, parecia que tudo estava bem. Sua vitalidade ultrapassava as marcas por vezes duras da vida. Tinha alguma coisa de fresco, de natural, que fazia a gente gostar dela mesmo sem a ter de fato conhecido.
É chato começar este domingo em meio à saudade material de Zélia. No Rio de Janeiro, o sol brilha demais para essa tristeza. Mais isso deve ser uma forma de homenagem. Salvador terá talvez emudecido; os personagens diários da velha capital, com quem ela conviveu desde que começaram a brotar dos livros do marido, devem andar pensativos, sombrios, pelas ladeiras. Os anarquistas estarão de luto, apesar do sol.
Mas no Céu dos Escritores Eternos, há uma animada mesa de amigos que comemora a chegada da grande mulher Zélia Gattai, escritora e brasileira como poucas.
Vamos tentar, em nossa pequena medida, brindar com eles!
Adeus, querida Zélia, e bem-vinda ao coração da lembrança.
Um comentário:
Tanvbém eu adoro a Zélia Gattai, e a sua vida de luta ao lado de um homem bom.
Bem vinda à lembrança do meu coração.
P.S.: Soube agora por ti do acontecido, aqui em Portugal que eu desse por isso não se falou em nada, mas fico feliz porque por certo ouve um reencontro de amantes no céu.
Postar um comentário